Nadando contra a maré, os homossexuais chegaram ao ano 2000 contabilizando inúmeras
vitórias, mas enfrentando desafios cada vez mais difíceis.
O maior deles, a discriminação social, exige participação
cada vez mais ativas nas decisões políticas de nossas autoridades.
O mundo chega ao ano 2000 da era cristã com avanços, mas alimentando velhos preconceitos. Um
deles, dos mais acentuados, contra os homossexuais. Ainda
que inexplicavelmente, criou-se uma forte intolerância
contra os que, involuntariamente sentem prazer e paixão
por pessoas do mesmo sexo.
O livro "Homossexualidade: uma História", do romancista
e autor teatral inglês Colin Spencer (Editora Record)
esclarece estaquestão, defendendo a idéia de que a
homossexualidae remonta aos primórdios da existênciade de
nossos ancestrais, resistindo aos regimes mais repressivos
ao longo da hitória.
Com base em pesquisas antropológicas e fundamentado em
estudos que incluem uma vastíssima biblíografia, o autor
revela, aos poucos, uma hitória difernte da que nos ensina
a cultura judaico-cristã. A homossexualidade é latente, forte
e natural no íntimo da pessoas, ao contrário da imagem forjada
de perversão ou doença.
Até os tempos bíblicos, não havia um termo que designasse
o amor entre pessoas de mesmo sexo. Era uma prática aceita
normalmente, disseminada em v´rias culturas, como forma de
amor e prazer, experimentada durante a iniciação de um jovens
no mundo adulto, usada como prova de poder e na preparação
para a guerra. Sagrada em muitas sociedades, permeou os
pensamentos que dão base á filosofia grega e foi estensamente
praticada durante a expansão do Império Romano.
A homossexualidade não é invenção de culturas recentes.
Ela é mais velha a própria humanidade, tendo surgido entre
nossos ancestrais hominídeos.
Na pré-história, as relações entre indivíduos de mesmo
sexo eram aceitas e até praticadas como ritual de iniciação
do homem. Milênios mais tarde, as sociedades mais importantes
tinham no amor homossexual a base da estrutura social como
no Egito, Mesopotâmia e Suméria. Na Grécia antiga, o amor
entre homes foi exaltado a ponto de colocar a mulher na condição
de apenas procriar. Esta mesma idéia prevaleceu na Império
Romano, ainda que, mais tarde, enfrentasse suas primeiras
limitações. O amor grego
seguindo o modelo do mundo endo-europeu, na Grécia, entendia-se
que o jovem é um aprendiz e discipulo, orientado por um amante
mais velho, visto como um mestre e modelo. a mitologia grega
é formada por casais masculinos, como Zeus e Ganimedes e as
invertidas de Apolo contra jovens efebos. Adônis, Hércules e
Dionísio também participam de curiosa histórias de sedução.
Nesta cultura a pederastia ocupava um lugar na estrutura
social como um ritual sagrado. As mulheres ocupavam um lugar
secundário, fora do palco. Mesmo em sociedades matriarcais,
a homossexualidade era vista como um oprática abençoada.
Em várias sociedades, como a egípcia, mulher era subjugada
e seu prazer limitado, apenas sendo a elas permitida a fertilidade,
geração e maternidade. As das cultura, a egípcia e a grega são
riquíssimas em mitos homossexuais. Nelas eram natural a
prática bissexual, sem no entanto, existir uma definição para
isto. Apenas era conhecido o conceito de sexualidade masculina. Conflitos e Intolerâncias
A expanção do povo hebreu seguiu rigorosos preceitos, registrados
no velho testamento, ordenados pelos chefes espirituais. Um deles,
o da procriação, era fundamentala para qie se preenchesse
seu território, a fim de que se formasse uma nação. População maior,
mais guerreiros, mais contribuintes, mais liberais.
O sistema repressor hebraico, bastante seletivo, tinha como
princípio um sistema de oposições, em que santificação (peureza,
ordem) e carnalidade (pecado, desordem) sempre conviveram em
conflitos. Não é de se estranhar que estivesse presente algumas
referência sobre a prática homossexual, condenada por não ser
procriativa. Ainda assim, encontramos curiosas contradições, nos
registros bíblicos. Graças ao incesto foi possível povoar a terra:
Adão e Eva tiveram dois filhos - Caim e Abel. Caim matou seu
irmão provavelmente casou-se com outra irmã, ou ainda, com a
própria mãe. Estudiosos encontraram dados na história de Abraão
que sugerem que tinha vencido os "favores" de sua esposa, Sara,
ao faraó, em troca de terras, poder e dinheiro. Davi confessou
a Jônatas sentir por ele uma paixão mais forte do que a que
sentia por mulheres.
A destruição de Sodoma e Gomorra atribuída ao castigo divino
pela libertinagem, na verdade, foi causada por um terremoto
muito forte, seguido de incendios gigantescos das reservas de
petrólio. Seria o mesmo que uma possível destruição da California,
causada pelo Big One (o terremoto esperado para os próximos anos),
á vingança divina pelos costumes mais liberais.
Em outros momentos histórico, as culturas hebraica e grega
se depararam de frente e começaram a formar uma conflitante
mistura, que deu base à cultura ocidental, tal como conhecemos
hoje. Como água e óleo, não era possível estabelecer-se uma
ordem sem criar-se a intolerância, afinal Israel viu-se
afrontado pelos costumes e rituais gregos. O medo e a ameaça
divinos impregnou as escrituras, alimentando o discurso dos
fundamentalistas até os nossos dias. O amor grego passou a ser
visto como uma agressão aos preceitos divinos e contra ele
levantou-se a intolerância.
Na fundamentação do crististianismo, várias seitas surgiram,
cada uma defendendo suas idèis, mas todas baseadas no evangelho.
Nesta fase, o apóstolo Paulo procura unificar estas idéias, para
que o movimento não se perca em si mesmo. Nas primeiras centenas
deanos depois de Cristo, idéias filosóficas e místicas se alternavam,
instáveis, criando um cenário de esquizofrenia e culpa.
As leis contra a homossexualidade nas sociedades cristã não
impediram a sua prática, ao contrário a intensificaram, na
clandestinidade.
A guerra contra o amor entre dois Homens ganhou força no
estabelecimento da Igreja, que poderia ter sua autoridades abalada
por esta prática, dissemente entre seus fiéis e, secretamete,
entre seus sacerdotes. O que se viu com a repressão e perseguição,
ao longo da história, foi o fortalecimento da tirania e do totalitarismo,
que atingiu a toda a populoção. Poderíamos traçar um paralelo
e verificar que o "cancer gay", como era conhecida a AIDS em
seu primeiro momento, há duas décadas, hoje é mais ameaçador
às mulheres casadas. Mas como o víros sairia do ambiente homossexual,
ou dos viciados a contaminara com tanta intensidade as famílias
tradicionais? O mais próvavel é que a prática bissexual às
escondidas seja mais comum do que pensemos.
Artigo estraido do jornal "O GRITO" de São Paulo.