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Um Breve Encontro

  • 31 de Dezembro de 2004
21 de Abril, Rio de Janeiro.
Numa estadia de uns dias na cidade, resolvi ir no feriado, até à Cinelandia, onde decorria uma feira do livro. Passeando entre as bancas cruzei-me com dois homens que me chamaram a atenção. Um deles, mais alto, com ar de não ser brasileiro e de quem nem me lembro da cara. O outro, mais novo, mais baixo, com aspecto trigueiro, de olhos muito negros, se deslocava com uma muleta, pois a perna esquerda estava amputada acima do joelho.
No momento exacto de nos cruzarmos os nossos olhos ficaram presos num encantamento estranho.
Mais adiante quando me voltei ele também estava voltado como se esperasse o meu olhar.
Dei mais uma passagem na feira com o propósito de o tornar a ver. E encontrei-o sentado num banco, mas estava sózinho enquanto o seu amigo se afastava.
Sentei-me perto e sorrimos. Disse-lhe que era português e que estava de passagem de trabalho no Rio, pois era piloto de aviões. Fiquei a saber que ele era de perto do Recife e tinha vindo ao Rio com aquele amigo americano para lhe mostrar a cidade.
Nunca mais paramos de conversar. A certa altura falei que tinha intenção de ir ver um ballet que estava no Teatro Municipal. Como ele também estava interessado comprámos bilhetes para a sessão que era ao princípio da noite.
Depois fomos comer qualquer coisa num restaurante perto. Adorei o espectáculo, ainda mais por me sentir naquele encantamento mútuo e naquela onda de ternura que a proximidade dos nossos corpos alimentava.
Depois do espectáculo, como o meu hotel era longe do centro e ele estava em casa de familiares que moravam na baixa, resolvemos ir a um hotelzinho de"sacanagem" ali mesmo junto.
Primeiro tomámos um duche juntos para eu o ajudar a equilibrar-se. Tudo convergia para momentos de extrema magia e erotismo. Ensaboámo-nos mutuamente. Os seus beijos sabiam a mel enquanto nos acariciavamos com uma ternura que normalmente eu não experimentava nos encontros fortuitos.
Depois de nos enxugarmos fomos para a cama onde explorámos todos os cantos e recantos dos nossos corpos no caminho de uma loucura saudável. Aconteceu tudo o que pode acontecer entre dois homens no fogo de uma paixão, que embora fosse quase predominantemente física, tinha tanto de satisfação espiritual.
De tal modo foi gratificante que não consigo destacar o que me deu mais prazer. Foi o prazer total que nos esgotou algumas vezes em orgasmos fundos e maravilhosos.
Saímos de madrugada e separámo-nos depois de trocarmos as moradas, mesmo sentindo que, muito provávelmente nunca mais nos íriamos reencontrar.
O que na verdade aconteceu, pois ele morava no Recife e eu em Lisboa.
Durante algum tempo escrevemo-nos e a vida encarregou-se de silenciar essa paixão despertada num feriado em que parecia que nada iria acontecer.

Autor: Eduardo.
Contatos - chamego@planetout.com
Conto enviado por ele mesmo.


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