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Gay Carão

  • 04 de Junho de 2020

São Paulo a Capital do Bicha Carão

SÉRGIO RIPARDO
Editor de Ilustrada da Folha Online

São Paulo é a capital brasileira da "bicha carão", dizem as drags mais viajadas da cidade. Na gíria, a "carão" é afetada, esnobe e blasé. Sente-se única, superior. Não anda. Desfila. Jura ter prestígio e bom gosto. Assume ares de poderosa, antenada, descolada, por dentro da moda. Mas despreza pobres, negros e nordestinos. Humilha garçons, porteiros, seguranças, faxineiros.

"A bicha carão faz de tudo para deixar o jeans caído para mostrar a cueca Calvin Klein ou D&G, mas esconde quando é Zorba. Também adora óculos de marca, mesmo que falso. No shopping Frei Caneca, esse tipo virou uma praga", diz a drag Divina Núbia.

Para Paulette Pink, a "carão" é uma eterna solitária infeliz. "No fundo, são inseguras, cheias de sentimento de inferioridade. Por isso, criam essa fachada de gostosonas, que se bastam, mas na verdade são ridículas e carentes. Bil, desce do salto", provoca.

Silvetty Montilla desmascara o falso glamour dessa categoria de gays. "Da carão, não sai nenhum tostão. Passam a noite inteira tomando água ou um único drinque e voltam para casa sozinhas. Elas precisam ser mais humildes."

São os ideais de megalomania de SP que incentivam a atitude "carão", segundo as drags. "A cidade atrai muitas bichas de fora, principalmente do interior. Elas se sentem poderosas só porque estão em São Paulo. Há uma disputa para ver quem é de berço, quem é VIP, quem dá mais carteirada, quem tem mais amigos influentes", diz Paulette.

Nas boates, a "carão" vira penetra de camarote para beber de graça, conta Divina Núbia. "Elas ficam grudadas na gente para o segurança pensar que são convidadas. Quando flagradas, se defendem com o papinho: - Oh, estou procurando um amigo."

Nas saunas, são pouco pragmáticas. Recusam calçar havaianas. Armam barraco se falta uma marca de cerveja no bar. Viram a cara, fazendo biquinho, se o flerte parte de alguém fora dos seus padrões. Preferem dividir um ap de três quartos nos Jardins com outras oito bibas a morar no "centro decadente".

Ponto fraco? "Quando estão embriagadas ou drogadas na boate, a máscara cai. Ficam feias e inconvenientes. Aí, meu amor, não tem carão que se segure", diz Divina Núbia.

Como curar esse mal? "Ignorar", aconselha Paulette. "Se for amiga, dá um toque", indica Divina. "Conhecer melhor para ver se é apenas uma fase", recomenda Silvetty.

Autor: SÉRGIO RIPARDO
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u69127.shtml


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